Por hora esquecera o afeto, o
reflexo imaginário, esquecera os abraços, os sorrisos, esquecera-se de si... Por
hora vagou sobre a imensidão do silêncio, deixou os diálogos de lado outrora
das inúmeras vezes que se pegou conversando consigo mesmo diante de suas memórias,
por hora chorou, e já não mais expressando qualquer sentimento esgotado de
sofrer, levantou, e no caos que habitava sua mente por alguns instantes se viu perdido,
ou talvez encontrara os motivos que o fizessem levantar e seguir em frente.
Por hora todas as suas percepções
de vida encontravam-se turvas, incrédulas... Por hora, percebeu a estranheza do
ser humano e tomado por um impulso suicidou seus ideias, suicidou o achismo
incontrolável e parou de tomar sua vida como um capítulo diário a ser lido por
outrem quando em verdade, deixou de ser autor para ser espectador de si mesmo,
plantou ironias e colheu tantas e outras verdades que ao se embriagar de
sonhos, como um script qualquer rabiscado a punhados de fábulas, moveu todas as
peças de um tabuleiro imaginário e
começou a viver.
Por hora, parou de se preocupar
com o que pensavam sobre seu cabelo azul e o modo como andava, por hora,
resolveu extrair todos os pesos que tomavam o seu corpo, resolveu não mais
abraçar o mundo como se todos os problemas pudessem ser resolvidos de um jeito
simplório das inúmeras vezes que dissera sim para todos e então, conheceu o
pior das pessoas e enxergou a vida um pouco mais amarga e sincera, por hora,
percebeu quem são seus verdadeiros amigos e das sombras que habitavam ao
convívio diário se dissiparam ao passar do tempo...
Por hora, o imaginário inseguro
já não mais surtia efeito ao seu olhar entristecido de saudade, por hora, se
deu o luxo de viver e de conhecer a liberdade...E por hora, ser feliz!
Autor: Leandro C. de Lima
Instagram: @umcanceriano_