Me perdia
ao contar as estrelas, na verdade, meu vício de desenhar sonhos em linhas
imaginárias era quase uma constante e de minha ‘alma infante, adormecia oculta
a realidade voraz de um mundo fadado ao fracasso.
Por horas,
percebia que o silêncio da noite era tão mais perturbador que o sussurro da
saudade e por alguns instantes, ignorei a possibilidade de me alimentar de dúbios
pensamentos que ali me fomentavam o desejo da felicidade, por horas, sem
qualquer intuito caminhei sem rumo e da insegura sensação de me sentir amado,
deixei de agradar a quem devia e comecei a me procurar entres os emaranhados
escombros deixados por um passado rabiscado e obscuro, por horas, desenhei por
entre as estrelas todo amor que procuro.
Foi então
que ali deitado percebia, que o amor é um mero instrumento de contemplação de
quem sacia o desejo de amar a si mesmo. Deixei de insinuar vontades e comecei a
decifrar o meu olhar entristecido e me encontrei vazio....
Regozijei
certas loucuras e de tantas outras torturas insensatas, busquei o mesmo
descanso e a paz que me refletiam as estrelas. E de tanto me querer feliz, me abandonei
de mim e foi então, que dá voraz vontade de me encontrar vociferei meus anseios
e finalmente, a turva imagem refletida por meu olhar voltavam a ser como antes,
amantes e livre de todas as magoas já sentidas, sofridas por engolir calado
tantos os erros hoje enterrados ao último grão do centeio esquecimento ...
Foi então
que ali deitado percebia, que do meu ventre intento, me levantava tão menos
inseguro, inconstante e que das imagens trazidas pela saudade, nada mais eram
que paisagens rabiscadas a certas memórias de quem um dia amou ....
Foi então
que ali deitado percebia, que voltara a sorrir sem desaguar sofrimento...