segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Sim, eu existo sem você !


Sim, eu existo sem você, eu ainda respiro, ainda possuo os mesmos sonhos e mais, fiz outros os quais você deixou de fazer parte. Sim, eu ainda existo, tanto existo que deixar de pensar que para ser feliz eu necessitaria de alguém ao meu lado, até perceber que sou minha melhor companhia e meu maior confidente.

Sim, eu existo sem você, e por mais marrento que seja ou apesar de me julgarem amargo, parei de achar que a vida seria exclusivamente a seu lado, foi então que na obsessão de meus desejos parei de lhe ver como vítima e pensei unicamente em mim, na obrigação de encarar a vida um pouco mais árida, para re (plantar), re (pensa), re (formular) e então, transformar o meu olhar num reflexo positivo para que outros possam me perceber um pouco mais vivo.

Sim, eu existo sem você, e ao invés de virgular ou reescrever pensamentos em reticencias, pus um ponto final e resolvi seguir em frente sem olhar para trás, na verdade, por muitas e outras vezes olhei para trás na segurança de não querer voltar, ou melhor, eu não quero, pois é ai que está a essência da vida, tudo o que morre só renasce se for pra ser verdadeiro e desde então você morreu, permaneceu esquecido e se não renasceu, não amou por inteiro.


Autor: Leandro C. de Lima

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Me regue



Desenhista: Victor Matheus

Me regue de amor, venha invada a alma em todos os sentidos, não tenha pressa, que eu não tenho hora pra ir embora, vou permanecendo lentamente ao seu lado pra esquecer que felicidade nunca foi tão unilateral, embora eu tenho um jeito meio estranho de ser, fujo sem querer, sem ofender, sem disfarçar o meu sorriso quase sempre embriago de saudade, mas me regue de amor, me sequestre, me banhe ao delírio sem culpa, me ganhe sem medo e se acaso ficar, pense que a vida me reserva memórias que hoje eu não posso viver, embora esse coração vagabundo tenha entregue ao mundo sentimentos que já não sentia, me regue amor, me embriague de poesia.

Eu sei, eu fui inconsequente, fui vivendo regando corações que não seriam meus, o tempo vai passando e vou tentando entender que toda entrega tem que ser mútua, pois amar é viver de clareza, ninguém sofre porque quer, se mato minhas dores, foi legítima defesa, então, foi regando minhas flores que percebi o quanto meu coração era imperfeito, que amar demais era um defeito, um erro sádico para os que não amam...

Me regue de amor, me fascina, me liberta, cobiça meus sonhos, anseios que trago em meus olhos perdidos tentando encontrar metade de mim que se foi.... Me regue, me toma, me aceite como sou, porém, não se ausente. 

O desespero da dor é achar que qualquer carinho é paixão, que qualquer beijo é entrega, quando em verdade tudo não passa de um disfarce provocado na ilusão de querer alguém mesmo sabendo que todo amor vem a seu tempo, um apelo emaranhado a punhos de saudade ao vento, regados de um coração a liberdade, que não tem culpa, que floresce na certeza de que a vida é uma constante rajada de fatos tragados a expectativas
de quem ama e de quem amar....

Autor: Leandro C. de Lima

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Meu cárcere ...




Desenhista: Victor Matheus
Havia um pássaro em mim, eloquente, porém não voava, observava o céu tão desconhecido, cantarolava ao tempo em que seu pensamento se perdia noutros sonhos, outros planos, pois até então emaranhava toda saudade ao passado, e no anseio de procurar a felicidade se perdeu, a liberdade se foi, atravessou ilusões a tapas de uma realidade árdua, pediu conselhos do pai e repousou...

Havia um pássaro em mim, não possuía nome, se misturou a vaidade e vontade de querer voar, porém voar nunca fora vaidade, enfim cantarolava a liberdade de seguir em frente ao passo de um passado inerte, embora soubesse que passado é um rabisco diário ilegível, sem anestesia, rasgando n´alma dores de amores vis, de silencio ofegante, de ser amante a amado, e chorou pela primeira vez, pois voar ainda era distante, e num estado indiferente consigo mesmo lutou, sem desespero pulou, fechou os olhos e decidiu voar...

Finalmente voou, deixou de sofrer, e re(descobriu) que ainda sonhava, re(descobriu) que a vida possuía uma única regra, viver o limite improvável, e que o medo entorpecia os desejos, as vontades, foi então que parou fugir, de se acostar a mesmice, e resolveu acreditar que até no imperfeito a felicidade vagava, sem deslize, pois de tão insofismável, a vida lhe sorria novamente, cravando em seu peito um pouco de paz

Havia um pássaro em mim, havia passado, havia dor, hoje não mais....

Autor: Leandro C. de Lima
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insofismável
adjetivo de dois gêneros
  1. 1.
    não sofismável; que não se pode deturpar usando sofismas; indiscutível, irrefutável, incontestável.
  2. 2.
    cuja verdade é evidente; patente, claro.