sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Você se tornou saudade.

Você se tornou saudade, deixou de ser as frustrações que me mantinham preso a sentimentos enegrecidos pela perda, deixou de ser tantas dores rasgadas ao rancor de vazios sentidos a cada vez que me perdia ao olhar o mural de nossas fotos, me provocando silencio quando em verdade meu coração gritava seu nome.

Você se tornou saudade, se tornou um sorriso perdido de tantas e várias vezes que o peguei me admirando dizendo me amar sem precisar dizer qualquer palavra, se tornou as memorias presas em uma fotografia de um passado tranquilo escrito a mão de um destino que um dia me trouxera a você e hoje, só me restam lembranças do que um dia existiu.

Você se tornou saudade e bem verdade, já não mais acordo com a mesma esperança do acaso me devolver sensações antes sentidas e compreendidas, talvez um dia sejamos dois amigos, duas almas incompletas que divagam em caminhos opostos, mas quer saber, eu já não sofro, não me rendo.

Você se tornou saudade, uma brisa sentida ao final de uma tarde saudosa, ainda sim penso que um dia seremos dois estranhos com algumas memórias. Confesso que superar nunca é fácil, mas há quem diga que depois de tantas e outras tempestades haverá calmaria, ainda que o tempo caminhe a passos lentos, caminhei por tantas pedras que meus pés não mais calejam e sim, posso olhar para trás e perceber que fui feliz.

Você se tornou saudade, o tom suave da gargalhada ouvida no final de um corredor extenso das lembranças por lhe fazer sorrir ao meu jeito torto de ver as coisas. Tornou-se palavras transcritas num diário esquecido e confesso, confesso que mergulhei nesse amor sem sequer me preocupar em afogar-me e dos rastros dos seus pés eu caminhei seguindo até perceber que já não mais valeria a pena, e na saudade de lhe querer, me quis em primeiro lugar, mas na vida é assim, ganha quem esquecer primeiro e eu, quantas vezes perdi por lembrar do seu abraço ao  seu cheiro emaranhado ao travesseiro.

Você se tornou saudade, deixou de ser peso para ser liberdade e nesse passo da vida, não questiono quem foi quem errou ou quem perdeu, quem deixou de amar ou quem amou e se por ventura a vida lhe trouxer a lembrança do que um dia eu fui na sua vida, perceba que existem coisas que não voltam, como há sentimentos que se esgotam, e nesse tempo que a vida lhe devolve em lembrança perceba: 

você se tornou a saudade de amor que vivi e revivi por tantas vezes sem sequer me preocupar com outros amores e amantes, talvez a vida não devolva tudo o que foi, nem tudo será como antes.

Você se tornou apenas saudade.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Novo abrigo

Tantos amores, temores, tantos receios, anseios, tantas palavras, promessas, tantas mágoas correntes num rio de sentimentos vazios que já não amam, em verdade, esqueceram-se de amar, já não se entregam e lá ficou sentado esperando um grande amor como quem espera outonos de um inverno só.

Quantas frases enganadas ao nó da saudade, presas em um “eu te amo” refletido naquele olhar perdido procurando que alguém o lesse.

Desabafou com o silêncio outrora seu maior inimigo outrora o conselho mais amigo de quem procura respostas, e no brio de um tempo que findara, perdeu-se limbo de sua própria existência. 

Quem sabe o tempo me leve em ventania tantos segredos guardados, beijos roubados, tanta saudade caminhante de um corpo com sede de amor.


Quem sabe o tempo me erga desse abismo, quem sabe a vida me devolva o sentido e não, não escrevo por que sofro, mas por que amo e se amo, devoro saudade com palavras e na ausência de um certo alguém, vou levando adiante sem roubar de mim o tempo que preciso pra entender, que a solidão me vende calunias de uma felicidade vazia e que no meio disso tudo, vou perdendo a chance de cegar a inveja desenhando na face o sorriso e no peito, na alma, no coração o amor, um novo abrigo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Talvez ...

Talvez devêssemos rasgar nossos passados, talvez devêssemos rasgar tantas páginas escritas sem sentido como se rasgam versos escritos numa saudade de um alguém que se amou. Quisera deixar de acreditar em tantas fábulas, tantas histórias, quisera deixar de amar, quisera esquecer outrora lembrar, quisera odiar outrora correr de braços abertos na espera de um abraço que monte os pedaços de um coração partido.

Talvez não sofrêssemos, mas penso que sofrer não se trata de uma fase meramente corrente de uma vida, mas algo essencial, embora venha dissentir de certos pensamentos que me cercam a memória, não escutemos frases como “sofrer quem quer”, pois bem verdade, sofrer por que se importa, ama, valoriza, sofrer nunca deixou de ser amor, talvez permanecer no sofrimento seja um erro, um equívoco do coração que insiste em amar quando se deve esquecer.

A questão é que chega um tempo que já não possuímos mais aquela paciência entre conhecer e amar, muitos pulam fases e se afogam, e vou me tornando o ultimo romântico a moda antiga e conhecendo o pior das pessoas.

Tão frígidas que no fundo tornam-se um vazio dentro de um sorriso como quem finge a saudável mania de dizer que esta tudo bem, e assim, vão levando fantasmas de um certo alguém que deviam ter amado entre tantas e outras pessoas que no passado bateram em sua porta e a felicidade fingiu não ouvir.


Talvez devêssemos rasgar nossos medos, talvez deixássemos toda essa insegurança de lado, talvez nos amássemos mais, ou deixássemos de pensar no talvez e caminhar mesmo na incerteza da felicidade, pois de fato, ser feliz não se trata de encontrar aquele certo alguém que você tanto chama de amor verdadeiro, talvez devêssemos nos olhar mais e perceber que devamos rasgar o que não soma e nos amar mais: POR INTEIRO.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Não espere eu partir

Não espere eu partir pra saber que ama, a porta ainda aberta te aguarda entrar e quem sabe sentar e conversar sobre aquele dia que nos conhecemos. Não espere eu partir pra ter a certeza que me quer, o mundo é tão inseguro, inconstante e meu cobertor ainda possui os acordes do teu perfume, e meu olhar ainda possui o mesmo brilho de quando te ouvir dizer pela primeira vez que me amava.

Não espere eu partir pra saber que foi verdadeiro, o vazio ainda ecoa teu sorriso e sabe, às vezes me pego sorrindo das tuas crises de me irritar, e por incrível que pareça, me pego fazendo bico como quem espera aquele abraço e um beijo roubado.

Não espere eu partir para entender que não foi em vão, o destino não havia traçado tantas outras rotas para que nos conhecêssemos, não foi em vão, pois ainda me lembro como se fosse ontem aquele teu sorriso sereno no canto dos lábios como quem diz: não me percas de vista e foi o que eu fiz, não perdi.

Não espere eu trancar certas portas, pois nem sempre da janela verás que a saudade ainda continua sentada no mesmo lugar com o mesmo amor. E não espere sofrer, pois não há um dia que não doa tua ausência depois de tanto decorar cada detalhe do teu corpo como quem decora cifras de uma música e você, se tornou todas as cifras cantadas em cada beijo, cada detalhe de quem ama, e talvez, pode passar anos e ainda vou quem sabe te amar da mesma forma como te amei desde quando desci aquele ônibus e foi atrás de você...


Não espere eu partir pra saber que me ama.