domingo, 19 de abril de 2015

Desvaidade



O jantar servido na mesa, o silencio gritando entre os quartos, eu que nunca fui de me sentir estranho me vi vazio em seu olhar. Sustentei tantas mentiras, suportei as aparências tão somente por você, desgastei o meu sorriso desenhado entre os enganos e dos planos revividos tantos anos, aprendi a me querer sem ter que me perder ou me ganhar, quem muito cobiça o alheio acaba só, sem ter a quem amar.

Quantos beijos foram dados como agrado sem sequer querer beijar, meu pensamento audaz gritou querer a liberdade que você não soube dar, você naufragou tantos sonhos e no enlaço devaneio da saudade, você se tornou a desvaidade que por vezes fingiu querer viver todo esse amor e não viveu, você se tornou esquecimento e eu, me tornei esperança tão sentida do pouco de mim que ainda sobreviveu.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Teatralidades



Emprestar minhas falas, meus olhos, meu corpo, emprestar meu sorriso, penetrar na alma de meu abrigo o imperfeito e no peito aquela vontade louca que extravasa e completa, me tomou em êxtase. Eu e minha teatralidade por um segundo éramos um só, naquele instante deixei de ser eu mesmo para dar vida a tantos e outros sonhos, planos, recuei a minha realidade e sem vaidade minha timidez reduzida a pó, transformou aquele universo no infinito.

E no inimaginável construí castelos e reinos, desenhei meu chão, todo grão de areia que corria entre os dedos, eram sonhos derramados ao mar que se mantinham acessos, toda história contada que em meu ser construía, eram inverdades, fantasias, eram fábulas, eram contos e palavras escritas na certeza de inspirar na vida de alguém o amor tantas vezes sonhado, guardado ao tempo que se leva e cria na morada dos homens, eu amei tantas vezes, tive tantos nomes, eu fui rei de minha criação.

E meu ser tão pequeno quer ganhar o mundo sendo tantos seres, fazer de meu engenho todo fruto colhido das vezes que plantei sementes, quero ser toda arte de tirar e de vestir tantas almas, quero ser a desobediência sem nenhuma autoridade e quem sabe, ser o mocinho e o vilão de toda essa criatividade que me envolve. 
 
E lembro-me quando haviam me perguntado o porquê eu queria ser ator e respondi: quero ser o corpo habitado por tantas almas e ser ao mesmo tempo minha própria felicidade.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Vontades



Transbordo vontades,
Rasgo em meu peito a vaidade,
Te devoro em meus olhos,
Faço de ti meu consumo,
Pois meu defeito,
É te querer mesmo imperfeito,
Por te esquecer e te lembrar,
Que meu coração vagabundo,
Já não quer ganhar o mundo,
Quer moradia em teu corpo,
Te enamorar...

Era pra ser passageiro,
Te querer por inteiro,
Te ganhar e te perder,
Sem covardia...
Eu que domei outros amores,
Fiz em meu peito moradia,
Fiz a saudade engolir todo orgulho,
Pois você, foi minha distração...
Meu herói, meu bandido,
Minha contramão.

E que toda essa vontade,
Chegue e vá embora,
Pois pior que a ausência,
É ter que conviver com a lembrança,
De todo amor, de hora em hora.