segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Ela...

Desenhista: Victor Matheus

No olhar de outros homens ela tinha um jeito estranho de ser, feminista, extravagante, possuía em seu olhar expresso a liberdade, um acessório a mais à sua personalidade, taxavam de arrogante, inconstante, infantil e imatura, insegura de si, fazia “bico” com aquele olhar sério que por vezes me intrigava.

Na verdade, pra alguns, pagava de frágil, inocente, porém aquele sorriso nunca me escondera toda sua essência transpassada a tantos e outros espelhos refletidos, como quem chega sem pedir licença rompendo laços e passos em falsos, como quem chega rabiscando o inconformismo do machismo emaranhado a pérfidos pensamentos pelos quais ela vociferou que ali era seu lugar, pois embora  no olhar de outros homens ela tinha um jeito estranho de ser toda vulgar, ela sabia como ir e vir, ela sabia se amar.

Ela odiava indiretas, odiava as cantadas que ouvia ou as indagações sobre seu cabelo colorido... O piercing no septo carregava certa imagem sobre o modo de como enxergava a vida, sim, não era um exagero, ela só queria a satisfação de sentir-se bem consigo mesmo sem qualquer importância as interpretações descritas ao preconceito de quem não a conhecia, o que de certo modo, acabava por selecionar as pessoas com quem convivia e por fim, viveu feliz ...


Autor: Leandro C. de Lima

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Um circo

Desenhista : Gualdino Pimental
Vejam só, carrego um palco inteiro enfermo sobre mim, um paralelo entre ir e vir, de sentimentos passageiros, de imperfeiçoes sobressalentes.... Vejam só, quanta saudade eu herdei de mim, quanta loucura eu herdei de nós, fui desatando tantos nós entrelaçados entrementeses, que estacionei meu coração onde não devia, vejam só, um sobressalto ante a solidão, silenciando a voz nessa procissão, num estado latente de poesia e foi então, que borrei toda essa imagem forjada de um tempo onde já não mais se vive por viver, posto que eu, tantas vezes duvidei dos sorrisos que ouvi, das pessoas que amei, dos olhares percebi, que  carrego um palco inteiro enfermo sobre mim...

Vejam só, há tanta gente habitando em mim, um sobrepeso feito culpa carregada lastro essa sentença de amor que lavrei.... Do peito, ergui meus conceitos, vendi tantos sonhos, uma ideia absorta a torta e a direita submersa em tantos olhares sequestrados por meu encanto de ceder a felicidade tão caçada, sim, quantos caçam, criam expectativas, porem meu sorriso continuava o mesmo e aquele nariz me trazendo lembranças dissentindo de um passado em que carreguei um palco inteiro enfermo sobre mim...

Enfim, eu tive que curar esse vazio perdido entre os aplausos que ouvi ao me curvar na multidão, chorei, me entreguei e por mais que a vida procrastine esse castigo, vou fazendo de meu palco meu abrigo e apesar das vicissitudes como tiro à queima roupa transfixando essa felicidade forjada por tantas pessoas empurrando a vida como quem caminha sem saber onde chegar ou por onde vir, eu só, que carreguei um palco inteiro enfermo sobre mim e apesar de chorar, eu tive que sorrir e seguir...


Autor: Leandro C. de Lima

Te observo

Desenhista : Gualdino Pimentel
Ele não me percebera, mas eu estava ali o admirando, talvez, estivesse por horas naquela mesma posição observando ele mexer no celular, talvez estivesse esperando por alguém, talvez a conversa estivesse tão mais interessante que o impedia de se mover, talvez nem tenha notado essa minha existência movente extasiada por observa-lo, quem seria? Qual o seu nome? Pelo menos sabia que era fã ou talvez gostasse de Harry Potter, lembro-me bem daquele pingente das relíquias da morte.

Eram quase 15:30min da tarde, ele ainda estava no mesmo lugar e eu quase sem paciência, me movimentava das diversas formas possíveis, porém, sequer fazia diferença, ele ainda estava vidrado naquele celular e eu simplesmente apaixonado por aquele sorriso, talvez, estivesse marcando algum ensaio fotográfico, lembro-me da Nikon em seu pescoço, lembro do detalhes de sua roupa, daquele perfume adocicado com um toque cítrico que me fazia fechar os olhos e desejar pular eu seu pescoço, bem verdade, enquanto eu rabiscava uma vida inteira ao lado dele, ele ainda não saia do celular, talvez namorasse, talvez fosse um solteiro qualquer em algum aplicativo de relacionamento, não! Ele não fazia o tipo de se envolver desse tipo, ele parecia gostar de perceber que alguém o admirava.

Comecei a rasurar todas as ideias inventadas na desculpa de querer conhece-lo, então, resolvi estampar em meu olhar aquele desejo, tomei coragem e finalmente passei na frente dele como quem não quer nada e lhe lancei toda aquela admiração como um “oi” calado expresso em meus olhos, naquele instante, um filme havia se passado diante de meus pensamentos como se fosse morrer de vergonha, porém ele havia percebido, guardou o celular, se aproximou, e numa desculpa qualquer, havia me perguntado se ali passava determinada linha de ônibus, me sorriu envergonhado ao me ouvir responder e antes de ir embora, apertou minha mão e naquele aperto, havia me deixado um bilhete dizendo:

“Apesar de ir embora, confesso que irei ficar e te devolver todos os dias o mesmo olhar que me fez querer morar dentro de ti” ...
  

Autor: Leandro C. de Lima.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Reflexos

Era de madruga, o silêncio pairava ao pensamento aberto, foi quando então resolvi levantar e fazer um café, engraçado que para algumas pessoas café é sinônimo de insônia, ainda mais um expresso duplo como gostava de tomar as vezes que fiquei sentado as duas da madrugada olhando os pouquíssimos carros que passava por entre a sacada de meu prédio – um simplório apartamento de 12 (doze) andares situado as margens da Almirante Barroso – e eu, morador do 12ª (décimo segundo) andar, rabiscava em meus pensamentos uma saudade infinita de mim que por vezes me perdi sem a pretensão de me encontrar.

Desenhista: Gualdino Pimentel
Por hora me sentei, e apesar daquele expresso ter esfriado, tomei assim mesmo bem verdade, não suporto café frio, mas fazer o quê? Por alguns minutos, deixei meu celular de lado e comecei a observar um paralelo existente ao meu redor, observei as cores da parede da sala, dos vasos, observei o vazio, e foi então, que aquele sentimento de culpa me tomava ao braço me puxando feito refluxo das ondas me afogando nas frases que tentei pronunciar, sim, eu estava preso naquele sonho ao reflexo de toda a equidade posta à prova, de um mundo em que pensei existir e não existia.

Embora assustado, aquela madrugada já não me causara espanto, e ao perceber o relógio parado a exatamente as 3:00 (três), respirei fundo e descobri que algo havia mudado, os livros já não mais estivera na mesma posição, o expresso continuava ao lado da cama totalmente frio, os quadros da sala já não possuíam o mesmo tamanho e eu, eu não me reconhecia, tornei-me estranho de um reflexo convexo preso ao espelho por exigir de tantas pessoas o que não ofertava, pois bem, engoli a seco toda a angustia, vesti minhas verdades e joguei fora todas as mentiras que contei e se for pra escancara, escancaro, bato no peito o imperfeito e quem me quiser, que me queira apesar das desavenças, embora assustado, aquela madrugada já não mais me causara espanto, pois prefiro o reflexo do vazio a que viver de aparências e então, sentir-se só e não amando ninguém.


Autor: Leandro C. de Lima


Diálogos

Ele capricorniano, aos seus vinte e poucos anos de vida queria ser ator, na verdade, queria sua independente, se jogar no mundo ou fazer de conta que seu corpo seria o reflexo dos papéis que interpretou das poucas vezes que pisou ao palco... tão cheio de si, odiava cobranças, odiava qualquer tipo de situação que o levasse a entender ser submisso a alguém, sim, odiava ligações frenéticas, então, era taxado de egoísta, antipático, quando me verdade só queria levar a vida a seu modo de enxergar as coisas sem muita pressa ao metodismo de achar que o amor é um mero atraso, pois preferiria viajar, viajar e viajar....

Ele de câncer, aos seus trinta e poucos anos tivera seu mundo tomado pela ansiedade, amava demais, gostava demais, se jogava a sentimentos rasos e se feria por diversas vezes e bem verdade, possuía um coração enorme enquanto o capricorniano, tanto fez ou faz quem o deixava, mas aquele canceriano vivia de saudade, uma liberdade entediante que o orgulho deixou de querer abraçar, uma liberdade vazia, pois possuía dentro de si expectativas sobre tudo e todos, enquanto o capricorniano deixara um bilhete sobre a mesa de seus pensamentos dizendo “fui ser feliz” e naquele instante ele lendo se corroendo de curiosidade se perguntou: por quê a felicidade tinha o deixado?  Foi então que na frieza daquele capricorniano havia um ser humano incrível e disse: ela nunca te abandonou, nós é quem possuímos a mania de estarmos cegos, mudos e surdos e a deixamos de lado, não é mais fácil aceitar os problemas e seguir?


Autor: Leandro C. de Lima

domingo, 13 de novembro de 2016

Sou escorpiano

Minha vida regada a teimosia de meus sonhos, planos, pensamentos repartidos sobrepostos a palavras rabiscadas quase sempre envolto desse silêncio engasgado ao desejo de gritar, sim, pois nunca fui feito de ilusões, embora pescador fases, sou aferro incompreendido incontroverso ao verso doutros conceitos arraigados sobre mim que não sou ... 

Sim, eu não sou prefeito, eu engulo razões e preceitos, tantos conflitos aflitos existentes em mim cujo incorporo noutros papéis partes de meu eu que não sou e se sou, esbravejo, me torno imortal... sim, sou regado de teimosia, porém não me conte mentiras, pois não afronte esse coração que tanto se entrega rechaçado doutros sentimentos refugiados de olhares que na vida evitei, sim, sou regado de teimosia, de paixões rasas e corações que amei, em verdade, não sei se amei, pois tudo na vida é questão de tempo até encontrar alguém que venha de frases profanas ou que me queira na cama como um tempo qualquer ou sentimento qualquer, bem verdade, hoje tudo é profano, mentiras se calam, recordações eu deixei para trás e sim, sou feito de teimosia, sou escorpiano.

Autor: Leandro C. de Lima

terça-feira, 8 de novembro de 2016

A tua ausência

Imagem : Gualdino Pimentel
Que na discórdia do teu mundo, esse coração vagabundo que é teu desconheça meus passos, meus planos, pois quem sabe eu possa inventar uma forma de me dissolver e me desdobrar sem que tenha que passar por tuas mãos feito grãos de areia a ressalva de um tempo.

Tempo em que divaguei por este chão sofrendo por um amor que só coubera em mim, pois embora tenha semeado todos os pensamentos um dia plantados como saudade que se colhe, eu deixei de ser tempestade e virei o teu silencio ignorando a tua essência restrita a liberdade, pois teu forte nunca foi a vaidade, enquanto juravas-me amor, teu olhar infidelidade.

Confesso às vezes me domina uma vontade louca de te dizer todas as verdades na cara, e quem sabe chorar noutros cantos pra que não me vejas fraco ou dizer que ainda te amo...

Posso até inventar uma forma de me dissolver ou me desaguar, porém já não me mantenho em suas mãos e quer saber estou farto, e por mais que me doa saber que um dia te amei, hoje me devolvo tranquilo, pois entendi que de todas as vezes em que disse não saber viver sem a tua presença, me dissolvi, me desaguei, sobrevivi A TUA AUSÊNCIA ...



Autor: Leandro C. de Lima 

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Sofrer não é opção, é uma necessidade.



Certa vez haviam me dito que toda dor é inevitável e que sofrer é opcional, porém tenho percebido que sofrer não é uma opção e que é um mal necessário, pois toda mudança ocorre proveniente de um sofrimento, embora possam discordar, mas a evolução não é um estágio adaptável, é um processo gradativo de perdas e ganhos, de idas e vindas.

Com o tempo você para de achar que sua felicidade depende exclusivamente do amor de outrem, e lembro-me das vezes que disse “não existo sem você” e penso: nossa como fui ingênuo, pois eu não existo sem mim, sem meu amor próprio e sinceramente, não se trata de ser orgulhoso ou plantar amargura no coração com se a vida fosse feita unicamente da solidão, se trata de você perceber do quanto cada um possui sua particularidade, seus gostos, seus sonhos, seus erros, fracassos, sim, somos humanos.

Bom, tecnicamente nascemos pra evoluir, permanece na involução quem quer, sofrer não é opcional e sinceramente, cuidar da sua própria vida é limpar a alma de gente vazia...


Autor: Leandro C. de Lima