terça-feira, 21 de novembro de 2017

Costumes

A gente se acostuma a correr atrás, a inventar desculpas, a aceitar calado e aceitando calado, a gente se acostuma a engolir em demasia, e por engolir em demasia, a gente se acostuma em seguir em frente e aprende a não criar conflitos... E não criando conflitos, a gente se acostuma a esquecer ou talvez fingir que nada tivera acontecido e por não ter acontecido, tudo se repete e voltamos a correr atrás e achar absolutamente normal se ferir mesmo sem ter culpa e não tendo culpa, você se acostuma a justificar os erros que nunca foram seus e então, você se acostuma a sorrir mesmo não admitindo....

A gente se acostuma a correr atrás, a aceitar de volta e por aceitar de volta, a gente se acostuma a fingir e talvez acreditar que tudo será diferente e quando percebe, você se acostuma a não mais ter amigos ou frequentar menos as confraternizações e por não frequentar  as confraternizações, a gente se acostuma a ser menos convidado e se isola, e na medida que a gente se isola, o mundo parece invisível e a qualquer ruído o orgulho cega vontades e na medida do que não se enxerga, a gente se acostuma a morrer lentamente....


A gente se acostumar a correr atrás, mas na medida que se corre, a vida vai tomando um rumo um pouco diferente e então, você se percebe preso numa liberdade omitida por um amor falso, e na medida que você enxerga todo esse amor falso, você se desenterra, acorda e por fim, SEGUE EM FRENTE...

Autor: Leandro C. de Lima

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Me dê licença...

Minha ausência nunca fui desleixo, embora tenha me importado menos, eu sempre estivera aqui, na verdade, eu sempre me importara e sempre me propunha a abraçar a quem quer que fosse, até perceber que nem todos os abraços me eram devolvidos. Então, eu me ausentava, mas não por desleixo, e sim, por legitima defesa, e me isolava lentamente daquele estado ébrio que me entalava a garganta por me envolver demais.

Minha ausência nunca foi desleixo, e na medida do tempo que passava, o café esfriava, e por fim, poucos permaneciam em minha vida com a certeza de que sempre estivera no mesmo lugar...

O fato é que confundiam minha ausência com a falta do interesse e digo, eu me interesso, se minha mãe chegou bem de um dia cansativo de trabalho, eu me interesso pelos livros estacionados em minha estante ou se meu filme favorito irá reprisar na sessão da tarde, e nossa, como me interesso pelas pessoas que passam por mim e me pergunto sobre suas histórias e sobre seus dias...

Na verdade, minha ausência nunca foi desleixo, mas nossos diálogos que perderam o costume, e por se perderem, nos deixamos de lado e seguimos em frente sem retorno ou entender que toda ausência possui uma razão preexistente...

Na verdade, por muito tempo eu fui ausente de mim por ser presente demais e por ser presente demais, eu me feria...

Hoje, tenho escutado sobre minha ausência de muitos que me tiveram presente e digo, me dê licença...


Mas vou cuidar de mim...

Autor: Leandro C. de Lima

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Desculpa-me, mas eu não quero!

Desculpa-me, mas eu não quero!

Eu não quero ser as opções do teu gosto falho ou ser o teu sentido frustrado todas as vezes que tu me olhares como se fosse teu ultimo pedido. 

Desculpa-me, mas eu não quero e nem posso fixar os meus ideais a tua estranha mania de me querer preso, e sim, eu não quero que minha liberdade seja confiscada por esse teu ciúme doentio que me corta o desejo, e sinceramente, eu não quero conviver com essa duvida que me assopra ao pé do ouvido, na verdade, desculpa-me, mas eu não quero.

Eu não quero inflar o teu ego ou te bajular todas às vezes em que me devolveres um sorriso falso... 
Desculpa-me, mas eu não quero, pois fui inteiro demais enquanto tu papeavas outros contatos, diferente de mim, que acreditava naquele carinho repentino quando em verdade era culpa, além do mais eu só te conduzia na cama como consolo de quem não soubera partir com receio de estar só...

Desculpa-me, mas eu não quero...

Eu não quero ter que me ausentar de minhas vontades e perder toda sanidade por esse teu cinismo infantil... Sinceramente, meu corpo já não pede teu toque e não quero gastar o meu tempo com todo esse discurso de quem sente saudade, em verdade, eu sempre estivera a tua frente e diferente de mim, ela sempre foi falsa...

Desculpa-me, mas hoje deixo-me de afogar...


NÃO TE QUERO MAIS.

Autor: Leandro C. de Lima

sábado, 7 de outubro de 2017

Me deixe ficar

Não é que eu tenha me tornado frigido demais, apenas não possuo mais paciência, e com o tempo, me apaixonar vai se tornando quase uma tormenta para quem tenta. Com o tempo, o desapego nos afaga, e a necessidade de encontrar alguém com quem dividir sonhos vai se dissipando, como fragmento esquecido por entre as dores outrora sentidas.

E por serem sentidas, nos tornamos criteriosos na maioria das vezes em que tudo torna-se arbitrário, então, nos tornamos chatos, pondo a carência em seu devido lugar a medida em que a razão toma conta de nossas decisões nos impedido de nos entregar para qualquer um...

E por não nos entregarmos, a oferta do carinho muitas das vezes é pequena quando em verdade, temos o costume de nos afastar de quem verdadeiramente quer ficar, talvez esse processo seletivo emocional reflete não somente um mecanismo de defesa, como quem cria uma reação claustrofóbica com a intimidade e justifica suas atitudes em jogos de desinteresse...

E por tanto jogar, você vai esquecendo o gosto de receber um convite para jantar, o gosto de um cortejo, ou das vezes que recebeu um carinho de dedo no cinema enquanto você atentamente via o filme sendo admirado sem qualquer festejo.... Você vai esquecendo... E por esquecer, você se perde, se encontra, se perde novamente até entender que a dor é tão necessária quanto a certeza de que estar só, nem sempre é tem um lado negativo


E por não ter um lado negativo, você reaprende, se reorganiza e segue... Talvez num próximo tropeço alguém o levante olhando intensamente em seus olhos e diga: CUIDADO, mas posso ficar e segurar sua mão....

Autor: Leandro C. de Lima

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Não me queimem...

Não lembro-me da ultima vez em que senti medo das pessoas, na verdade, o medo vinha de todos os lados, sentia-me como se estivesse num umbral, e sinceramente, esquartejavam silenciosamente toda confiança que demorei a adquirir.

Implicavam com meu cabelo, com meu jeito de andar, implicavam com meus gostos e fechavam suas caras, sem contar que das inúmeras vezes que fui entrevistada a preencher vagas de emprego, ao perceberem o que sou, me fechavam as portas como se fosse de outro mundo, ou melhor, como se não pertencesse aquela sociedade imunda...

Agora querem me curar... Me curar de quê? Nunca estive doente, apenas não pertencia aquele corpo, não me reconhecia ou melhor, o vazio me tornava cada vez menos humana, eu não queria aquele reflexo, aquela voz, eu não pertencia aquele lugar, era como se minha pele fosse revestida de outra alma, sim, eu apenas não me reconhecia e mesmo assim, eu era crucificada..

Apedrejavam meus sonhos e mais, violentavam minhas vontades e meus direitos, e me empurravam goela abaixo um personagem que não me cabia no peito, eu não queria ser aquele tipo de ser humano revestido de ignorância, bem verdade, aquela sociedade imunda me rotulava de todos os adjetivos possíveis, e eu, NÃO OBRIGADA A ACEITAR uma identidade que não me cabia, então, eu era exposta...

Não me queimem, pois não posso abolir de mim o que sou... para os ignorantes, eu nunca fui homem, aquele corpo não me pertencia, na verdade, desde que me entendo por gente eu me via absolutamente perfeita, e sinceramente, não me venham com o velho discurso sobre como nasci, é patético, quiça, constrangedor para quem se diz inteligente...


NÃO ME QUEIMEM, pois não posso abolir de mim o que sou...

Autor: Leandro C. de Lima

terça-feira, 4 de julho de 2017

Sem nada a esperar ...

Desenhista: Victor Matheus
Eu não devia estar aqui, mas toda vez que lembro daquele teu sorriso eu me desarmo inteiro, e o que pensei ser passageiro foi ficando pouco a pouco, me sequestrando sem devolução.... 

Eu não devia estar aqui, mas me entrego todas as vezes que te abraço, que o teu perfume toma posse do meu corpo e no espaço entre a saudade e tua presença, vou perdendo a intimidade não medindo as consequências dos meus atos te querendo pra vida sem despedida, sem devolução...

Eu não devia estar aqui, então me pego observando o jeito que me olha sério, tentando me distrair a não te querer, mas devo dizer, eu já tentei diversas vezes te esquecer e só consigo me distanciar por dois segundos até silenciar o meu desejo....

Eu não devia estar aqui, mas confesso ficar sem esperar nada de ti, senão a felicidade expressa a cada palavra que me devolver todas as vezes que desabafar ao sentir saudade do meu jeito meigo, que te cuida pondo a prova todos os sentidos emaranhados nesse peito que abriga tanta coisa pra te dar.


Mas confesso ficar sem nada esperar ...

quarta-feira, 17 de maio de 2017

O menino de verde


Era sonhador, embora naquele olhar refletisse o universo perene e puro, ele possuía os pés sobre o chão, ele possuía uma sede avassaladora contida em no silencio de suas frases das vezes que incorporava aquele personagem fictício.

Ele possuía sede de amar, ele possuía saudade, ele era imperfeito e pro seu feito, havia imensidão naquele sorriso conciso e saudoso dos aplausos que recebia, a cortina fechava, ele então lagrimava e por fim agradecia.

Aquele menino ao despir-se de seus personagens, por alguma razão não se despia daquela serenidade expressa em sua voz. Era subitamente entregue, omitia seus medos, seus receios e sem deixar vestígios omitia o ciúme corrente em suas veias.

Sim, aquele menino sustentava suas crenças e meio a mediocridade social, era impetuoso, comedido e ao mesmo tempo em que avistava um homem naquele espaço estético de seu corpo, possuía um menino amante dos verdes que usava e das cores que desenhavam o melhor sorriso.

Era sonhador, embora tomado pelo cansaço, tomado por mágoas ínfimas, extraia de si tantas expiações e emoções a quais matava em legítima defesa.

Era sonhador, encarnado e esculpido...


Era fonte inesgotável de amor...!


Autor: Leandro C. de Lima

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Eu já não mais voltava...



Eu sempre voltava, na verdade, eu alimentava em mim um desejo incontrolável de que todo aquele sentimento fosse verdadeiro, perene, mas no fundo, ele não me amava, era só mais uma satisfação inebriante.

Eu sempre voltava, acreditava naquela mudança repentina ou me enchia de esperança das vezes que o vi chorar copiosamente. Embora soubesse do quanto me tornasse refém daquele sequestro emocional, eu sempre voltava, porém eu era somente mais uma satisfação inebriante, ou melhor, ele possuía sede de todo aquele meu desespero, daquele amor incompreendido, mas eu sempre voltava e no fundo, naufragava conscientemente das vezes em que ele me pedia mais uma chance...

Eu sempre voltava, mas naquele dia o deixei esperando, embora meu corpo estremecesse de saudade, minha liberdade era muito mais importante a que me refugiar de um sentimento pérfido. Eu sempre voltava, mas aquele sentimento de posse cada vez mais esvanecia, não possuía entrega, não possuía rotina.

Então, todo aquele diálogo aleatório entre minhas vontades e receios tornava-se esquecimento. Embora sempre voltasse, toda sua satisfação inebriante por me ver voltar tomava lugar para outro sentimento, a repulsa, a revolta. Ele já não mais me possuía nas mãos, não me tomava pelos braços, eu já não mais voltava...


Eu já não mais voltava...

Autor: Leandro C. de Lima

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Você deixava pra lá !!!

Desenhista: Victor Matheus
Você simplesmente deixava pra lá. Enquanto isso, o café havia esfriado, o tempo passado, a rotina infinita abraçava seu corpo e lentamente, você engolia tanto silencio que já não mais suportava o peso, mas você, deixava pra lá...

Você deixava pra lá aquele amontoado de livros postos sobre a mesa, deixava a saudade. Enquanto isso, a intimidade já não mais percorria sobre a pele, e à medida que você deixava pra lá, os beijos cessavam na proporção das pessoas que se esvaneciam. Então, tudo era inconstante, inseguro, incerto e ao deitar, você simplesmente deixava pra lá, os lábios se contorciam e mesmo assim, tudo era entregue, em vão, tudo era pra depois...

Você deixava pra lá, enquanto isso, tudo era segundo plano, não havia interesse, o coração já não palpitava na extensão das borboletas que sentia e cada vez mais, você falava sozinho, embora soubesse o quanto aquilo o irritava, você deixava pra lá. Então, deixava de ser ouvinte, e aquele desejo pausado de sumir dava lugar a tantas outras sensações estranhas que você simplesmente, via-se perdido diante de toda aquela sociedade hipócrita...

Você deixava pra lá, e ao perceber a quantidade de convites acumulados por mensagens e mais mensagens em seu celular, você deixava pra lá. Enquanto isso, a preguiça caminhava sobre suas vontades, não havia sede, fome e por mais que toda aquela expressão por socorro estivesse em seus olhos, o sorriso fomentava mentiras. Então, você ignorava qualquer possibilidade de seguir em frente, já não insistia ou corria atrás de gente rasa que tanto quebrou suas expectativas das vezes que mergulhou...


Você simplesmente deixava pra lá !!!

Autor: Leandro C. de Lima

terça-feira, 2 de maio de 2017

Desinteresse

Ele havia perdido o interesse, dissera também que não estaria preparado pra conhecer outras pessoas, parecia proposital, parecia forjado. Embora nunca dissesse o grau do meu ímpeto desejo de tê-lo por perto, deixou de ser prioridade e passou a ser singular.

Quanto mais o tempo passava, a vontade de tê-lo se tornava deserta, já não possuía paciência, e cada vez mais os diálogos se tornavam monótonos até que me restavam palavras cruzadas diante daquele sistêmico dissídio entre idas e vindas.

Tudo era tão inerte, convexo e convicto, que não imaginei o quanto o silêncio de suas palavras me causaria certo conforto. Já não havia espera ou qualquer expectativa, que meu coração coagido a seguir em frente seguia. E mesmo assim, juntei todas as verdades vazias em versos simbólicos que ao descrevê-los, percebi o quanto desistia de amar e ao me transbordar, me afoguei em vontades...

Ele havia perdido o interesse...

Eu também!


Autor: Leandro C. de Lima

sábado, 22 de abril de 2017

Deixe-me partir...!!!

Desenhista: Victor Matheus
Lembro-me bem daquela tarde chuvosa como de costume, eram duas horas da tarde daquele domingo de maio, lembro-me do quanto meu nervoso transparecia das vezes que pegava meu celular na espera de sua mensagem dizendo que havia chegado. Sim, eu estava totalmente entregue, tão entregue que possuía a impressão de sentir seu perfume entranhado em meu corpo e sinceramente, naquele momento me veio certo receio de me apaixonar por um desconhecido, me preocupei, mas mesmo assim, ainda olhava intensamente meu celular, como de costume: você estava atrasado.

Lembro-me de todas as carícias que trocamos, daquele seu olhar que me dizia tanta coisa sem qualquer palavra aparentemente dita, lembro-me de sentir tantas e outras borboletas presas dentro de mim até você simplesmente desistir de tudo e seguir em frente..

Já não mais me respondia com a mesma frequência de antes e o carinho veio se tornando vazio e aquele aperto me foi penetrando a pele como quem rasga suas vontades em meio à multidão sem qualquer resquício de resgate..

Você havia sequestrado o melhor de mim, me permitiu criar expectativas quando na verdade eu devia ter criado vergonha na cara ao perceber que tudo era somente sexo ou talvez fosse comum entrar na vida de alguém sabendo que mais tarde partiria sem aviso de retorno...

Lembro-me de certa vez que havia lhe dito “não deixe-me partir”, porém me descuidei e deixe todas as portas abertas não imaginando que minhas tardes não mais teriam toda aquela rotina e me senti perdido... Mas obrigado, a tempos não sentia essa sensação de liberdade, a tempos não me sentia tão lúcido como agora,  e engraçado, que já não mais terei tanto tesão neste amor corriqueiro de pessoas vazias, pois bem verdade, o amor possui um significado maior pra mim, ele me revira do avesso, bem diferente das palavras que havia me dito e sabe, eu tenho sede de tudo que transborda o sorriso, que completa e no final das contas, se um dia acaso voltar a me mandar mensagem:

 DEIXE-ME PARTIR.

Autor: Leandro C. de Lima

Meu pensamento é mar...

Desenho: Victor Matheus
Tem horas que você já não mais se permite, você simplesmente cansa e toda aquela paciência de querer gostar se vai na primeira oportunidade daquele alguém que não soube aproveitar o quanto você tinha para ofertar... você joga a toalha, e todo aquele joguinho psicológico de quem se importa mais ou menos vai se tornando inútil. Ei acorda, eu quero gostar de você!!!

Tem horas que você só quer encontrar alguém que debruce os pensamentos sobre a bagunça que existe em você, mas por incrível que pareça você ainda olha esperançoso por aquela mensagem inesperada as duas da madrugada perguntando como você está ou se ainda há a possibilidade de mais outro encontro a ter a certeza de querer permanecer em sua vida, mas ele só queria sexo e seu quiser? Se eu gostar? Sexo nunca foi o problema, o fato é que tudo se tornou mecânico, as mensagens deixaram de possuir carinho e então, passaram a ser frases monossilábica sem qualquer conceito de amor.

Meu pensamento é mar, mas cansei de permitir mentiras navegadas sobre mim de tantas pessoas que naufragaram sobre meios desejos e sinceramente, não tenho vergonha de encarar a vida com toda essa sutileza que as pessoas procuram. Eu me entrego e permito ser possuído de todas as maneiras sem qualquer pudor, eu apenas permito, porem por tantas vezes escondi o melhor de mim num lugar secreto, longe desse ciclo vicioso de pessoas que só enxergam o pior de você sem coragem necessária de querer gostar e inevitavelmente julgam, como julgam...


Tem horas que você já não mais se permite, você simplesmente desiste, e parti para o próximo contato que talvez possua toda essa saudade presa que transborde todas as vezes que seu coração acelera, mas você simplesmente desiste e segue em frente....

Autor: Leandro C. de Lim

domingo, 15 de janeiro de 2017

Agrados

Desenhista : Victor Matheus
Por tempos eu havia pedido a sensação de gosta de alguém, de criar expectativas, de construir sonhos, do habito de dizer “eu te amo” ao silêncio dos olhos. Por tempos, pessoas passavam por minha vida e eu, frígido, fazia de conta que eram meros coadjuvantes nesse cenário catastrófico construído por mim. Eu as evitava, ou por certas vezes transava por transar sem qualquer grau de sentimento, sim, eu era frígido, porém minha vontade era de gritar “me ame”, “não me deixe”, mas a ideia de depender emocionalmente de alguém não me permitia, e sim, continuava frígido.

Por vezes cruzei meu olhar com tantos outros na iminência de me apaixonar, mas eram tentativas frustradas, e meu desejo de gostar de alguém acabava inerte. Posto que as mesmas ilusões rabiscadas por meus pensamentos tragavam qualquer atitude que viesse tomar por medo de amar, sim, eu possuía medo, receio, e convencido desse se sentimento me fechei, cheguei a pensar que seria uma fase como outra qualquer, mas ao tomar aquele expresso frio esquecido, me dei conta do quanto a vida passava diante de meus olhos, foi então, que me peguei desenhando aquele olhar preso na memória daquele rapaz que havia me tocado o coração das vezes que o vi, será?

Não, eu não queria me apaixonar, era contraditório, confuso, mas me peguei pensando se ele gostava dos desenhos que fazia, das poesias que escrevia, se gostava dos mesmos seriados que assistia, será que ele gostava de Harry Potter? Talvez gostasse, ou talvez odiasse a ideia de gostar de alguém que beijasse com gosto de café, tem quem odeie, mas no fundo não mas me preocupava com isso, apenas desenhei o seu olhar me perguntando tanta coisa sem ter, sem sentir.


Sim, eu não mais me preocupava em agradar... 

Autor: Leandro C. de Lima

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Punhal

Desenhista : Victor Matheus
Apunhalavam seus ideias, embora soubesse que estaria diante de uma sociedade torpe e cega, suas crenças, suas verdades, lutavam consigo. Travava lutas diárias para entender a complexidade do homem, bem verdade, a involução ocorria diante de seus olhos e sem acreditar calava-se alguns minutos ao inconformismo dilacerado que o envolvera.
Então inerte, sua liberdade prendera-se naquela estranha sensação de torna-se único, intransitivo, posto que sua mente transfixava as mentiras que lhe contavam a eloquência satisfatória que lhe tomava em fúria e diferentemente dos demais, cortou os laços que o envolviam e de certa forma aquele pensamento armífero o abandonava, de certa forma, procurou compreender o opressor.
Ele homossexual aos 32 (trinta e dois) anos anos de idade, negro, enclausurado ao preconceito medíocre, intransigente, pela primeira vez a idiossincrasia de suas crenças abduziu as vozes que ali o calavam, sim, ele tomado sob o influxo repentino dos açoites que levou, tomado por aqueles que apunhalavam os seus ideias, reconstruiu o respeito outrora cego, tão cálido e sagaz, libertara-se.
Ele ao recurvo pensamento sepultou tantas vozes, sepultou tantas dores, sepultou metaforicamente um parasita social invólucro de uma intolerância vil, então, aquela mesma sociedade hodierna torpe e cega, começara a trazer consigo a capacidade de enxergar o outro sem qualquer distinção das raças, da orientação sexual ou classe que ali coabitavam, sim, era apenas um início, e ele, por mais apunhalado que fosse jamais deixou de acreditar na benevolência empírica presa a sua capacidade de amar e tornou-se liberto.

Autor: Leandro C. de Lima

Glossário:
*Armífero: sinônimo de agressivo, guerreiro e belicoso;
* Hodierna: “é um adjetivo que qualifica algo como contemporâneo, atual e moderno, ou seja, que é comum nos tempos recentes e dias atuais.”
* Invólucro: aquilo que serve ou é us. para envolver, cobrir; envoltório, envólucro, cobertura, revestimento, involutório


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Coração Perene

Desenhista : Gualdino Pimentel
Naquele universo infinito de seu coração havia saudade, embora dilacerado, traduzia a constante razão de querer amar, uma felicidade invejável oculta nos olhos de quem o observa tomar aquele expresso sem açúcar, como ele gostava? Como conseguia sorrir?
E num instante silêncio pausado ele desenhava alguns rabiscos em seu caderno e ao mesmo tempo, analisava as pessoas que ali passavam como se as conhecesse, as cumprimentava vagamente e de fato,  ele arrancava de alguns transeuntes certa expressão de conforto, tão educado, simplório, não haviam vestígios de mágoas ainda que soubesse que no fundo ele refletia inverdades, um veludo asilado nos abraços que doou,  das mentira que ouviu e acreditou e mesmo assim, “ele traduzia a constante razão de amar”...
Interessante que ele conseguia extrair das pessoas o seu melhor, e por mais que aquela sensação o matasse por dentro, ele renascia, pois tudo era implícito, então, ele apenas amava, mergulhava em suas inspirações e sem culpa, detestava os conceitos que buscavam definir o jeito que levava sua vida, detestava os conselhos de amor como se fosse frígido, detestava aquela falsidade conveniente de pessoas que outrora se faziam presente quando necessitavam da segurança de um carinho recíproco, mas no fundo era só um vago pensamento, ele modulava suas frases, e se entregava a qualquer solidão que ali refugiava-se, pois naquele coração cabia o universo que a própria razão de existir desconhecia...
Bem verdade, naquele coração habitavam outros corações, tão perene, ele já não criava a expectativa de retorno, amava por amar, gostava por gostar, cuidava por cuidar, plantava por plantar e colhia a sensação apaziguada de dever cumprido, pois qual a razão de existir se não amar? É o mesmo que viver sem ter existido...

Autor: Leandro C. de Lima