quarta-feira, 17 de maio de 2017

O menino de verde


Era sonhador, embora naquele olhar refletisse o universo perene e puro, ele possuía os pés sobre o chão, ele possuía uma sede avassaladora contida em no silencio de suas frases das vezes que incorporava aquele personagem fictício.

Ele possuía sede de amar, ele possuía saudade, ele era imperfeito e pro seu feito, havia imensidão naquele sorriso conciso e saudoso dos aplausos que recebia, a cortina fechava, ele então lagrimava e por fim agradecia.

Aquele menino ao despir-se de seus personagens, por alguma razão não se despia daquela serenidade expressa em sua voz. Era subitamente entregue, omitia seus medos, seus receios e sem deixar vestígios omitia o ciúme corrente em suas veias.

Sim, aquele menino sustentava suas crenças e meio a mediocridade social, era impetuoso, comedido e ao mesmo tempo em que avistava um homem naquele espaço estético de seu corpo, possuía um menino amante dos verdes que usava e das cores que desenhavam o melhor sorriso.

Era sonhador, embora tomado pelo cansaço, tomado por mágoas ínfimas, extraia de si tantas expiações e emoções a quais matava em legítima defesa.

Era sonhador, encarnado e esculpido...


Era fonte inesgotável de amor...!


Autor: Leandro C. de Lima

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Eu já não mais voltava...



Eu sempre voltava, na verdade, eu alimentava em mim um desejo incontrolável de que todo aquele sentimento fosse verdadeiro, perene, mas no fundo, ele não me amava, era só mais uma satisfação inebriante.

Eu sempre voltava, acreditava naquela mudança repentina ou me enchia de esperança das vezes que o vi chorar copiosamente. Embora soubesse do quanto me tornasse refém daquele sequestro emocional, eu sempre voltava, porém eu era somente mais uma satisfação inebriante, ou melhor, ele possuía sede de todo aquele meu desespero, daquele amor incompreendido, mas eu sempre voltava e no fundo, naufragava conscientemente das vezes em que ele me pedia mais uma chance...

Eu sempre voltava, mas naquele dia o deixei esperando, embora meu corpo estremecesse de saudade, minha liberdade era muito mais importante a que me refugiar de um sentimento pérfido. Eu sempre voltava, mas aquele sentimento de posse cada vez mais esvanecia, não possuía entrega, não possuía rotina.

Então, todo aquele diálogo aleatório entre minhas vontades e receios tornava-se esquecimento. Embora sempre voltasse, toda sua satisfação inebriante por me ver voltar tomava lugar para outro sentimento, a repulsa, a revolta. Ele já não mais me possuía nas mãos, não me tomava pelos braços, eu já não mais voltava...


Eu já não mais voltava...

Autor: Leandro C. de Lima

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Você deixava pra lá !!!

Desenhista: Victor Matheus
Você simplesmente deixava pra lá. Enquanto isso, o café havia esfriado, o tempo passado, a rotina infinita abraçava seu corpo e lentamente, você engolia tanto silencio que já não mais suportava o peso, mas você, deixava pra lá...

Você deixava pra lá aquele amontoado de livros postos sobre a mesa, deixava a saudade. Enquanto isso, a intimidade já não mais percorria sobre a pele, e à medida que você deixava pra lá, os beijos cessavam na proporção das pessoas que se esvaneciam. Então, tudo era inconstante, inseguro, incerto e ao deitar, você simplesmente deixava pra lá, os lábios se contorciam e mesmo assim, tudo era entregue, em vão, tudo era pra depois...

Você deixava pra lá, enquanto isso, tudo era segundo plano, não havia interesse, o coração já não palpitava na extensão das borboletas que sentia e cada vez mais, você falava sozinho, embora soubesse o quanto aquilo o irritava, você deixava pra lá. Então, deixava de ser ouvinte, e aquele desejo pausado de sumir dava lugar a tantas outras sensações estranhas que você simplesmente, via-se perdido diante de toda aquela sociedade hipócrita...

Você deixava pra lá, e ao perceber a quantidade de convites acumulados por mensagens e mais mensagens em seu celular, você deixava pra lá. Enquanto isso, a preguiça caminhava sobre suas vontades, não havia sede, fome e por mais que toda aquela expressão por socorro estivesse em seus olhos, o sorriso fomentava mentiras. Então, você ignorava qualquer possibilidade de seguir em frente, já não insistia ou corria atrás de gente rasa que tanto quebrou suas expectativas das vezes que mergulhou...


Você simplesmente deixava pra lá !!!

Autor: Leandro C. de Lima

terça-feira, 2 de maio de 2017

Desinteresse

Ele havia perdido o interesse, dissera também que não estaria preparado pra conhecer outras pessoas, parecia proposital, parecia forjado. Embora nunca dissesse o grau do meu ímpeto desejo de tê-lo por perto, deixou de ser prioridade e passou a ser singular.

Quanto mais o tempo passava, a vontade de tê-lo se tornava deserta, já não possuía paciência, e cada vez mais os diálogos se tornavam monótonos até que me restavam palavras cruzadas diante daquele sistêmico dissídio entre idas e vindas.

Tudo era tão inerte, convexo e convicto, que não imaginei o quanto o silêncio de suas palavras me causaria certo conforto. Já não havia espera ou qualquer expectativa, que meu coração coagido a seguir em frente seguia. E mesmo assim, juntei todas as verdades vazias em versos simbólicos que ao descrevê-los, percebi o quanto desistia de amar e ao me transbordar, me afoguei em vontades...

Ele havia perdido o interesse...

Eu também!


Autor: Leandro C. de Lima