Desenhista: Victor Matheus |
Lembro-me bem daquela tarde
chuvosa como de costume, eram duas horas da tarde daquele domingo de maio, lembro-me
do quanto meu nervoso transparecia das vezes que pegava meu celular na espera
de sua mensagem dizendo que havia chegado. Sim, eu estava totalmente entregue, tão
entregue que possuía a impressão de sentir seu perfume entranhado em meu corpo
e sinceramente, naquele momento me veio certo receio de me apaixonar por um
desconhecido, me preocupei, mas mesmo assim, ainda olhava intensamente meu
celular, como de costume: você estava atrasado.
Lembro-me de todas as carícias
que trocamos, daquele seu olhar que me dizia tanta coisa sem qualquer palavra aparentemente
dita, lembro-me de sentir tantas e outras borboletas presas dentro de mim até
você simplesmente desistir de tudo e seguir em frente..
Já não mais me
respondia com a mesma frequência de antes e o carinho veio se tornando vazio e
aquele aperto me foi penetrando a pele como quem rasga suas vontades em meio à
multidão sem qualquer resquício de resgate..
Você havia sequestrado o melhor de
mim, me permitiu criar expectativas quando na verdade eu devia ter criado
vergonha na cara ao perceber que tudo era somente sexo ou talvez fosse comum
entrar na vida de alguém sabendo que mais tarde partiria sem aviso de
retorno...
Lembro-me de certa vez que havia lhe
dito “não deixe-me partir”, porém me descuidei e deixe todas as portas abertas
não imaginando que minhas tardes não mais teriam toda aquela rotina e me senti
perdido... Mas obrigado, a tempos não sentia essa sensação de liberdade, a
tempos não me sentia tão lúcido como agora, e engraçado, que já não mais terei tanto tesão
neste amor corriqueiro de pessoas vazias, pois bem verdade, o amor possui um
significado maior pra mim, ele me revira do avesso, bem diferente das palavras
que havia me dito e sabe, eu tenho sede de tudo que transborda o sorriso, que
completa e no final das contas, se um dia acaso voltar a me mandar mensagem:
DEIXE-ME PARTIR.
Autor: Leandro C. de Lima